quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Uma noite sem glória

DJ Juninho Bum Bep soltando uma ótima seleção de sons, oito MCs inspirados, um público sedento por boas rimas, B.boys e B.girls ansiosos pelo momento da roda de danças e muitos mais. Tudo isso, junto à merecida vitória (ao final) do MC Vinicin – que figurou no palco do Duelo pela segunda vez –, poderia, naturalmente, ser traduzido como o cotidiano do encontro das noites de sexta, debaixo do Viaduto Santa Tereza, em BH. Não fosse uma operação “bastante estranha” (para não dizer coisas piores) protagonizada pelo Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) na noite da última sexta, três de setembro.

Na ocasião, sem transmitir qualquer informação à organização do Duelo de MCs, a PMMG (munida de grande continente, muitas viaturas e policiais à paisana), e acompanhada da Rede Globo de Televisão e de outros órgãos ligados à segurança pública, compareceu ao Viaduto e protagonizou diversas cenas de desrespeito, arbitrariedade e coisas afins. Situação que, além de provar, mais uma vez, o despreparo dos profissionais da instituição, sobretudo na lida com os cidadãos, causou desconforto e apreensão nas pessoas presentes, de crianças à senhoras.

A ação foi justificada por um discurso de proteção e serviço à comunidade que neste caso não existe. Aqui, cabe citar a preocupação da Família de Rua (FDR) com a questão da segurança no Duelo. Ciente do papel e da responsabilidade do projeto, a FDR, há mais de dois anos, tenta desenvolver um trabalho de prevenção e conscientização junto à Polícia Militar. Neste período, foram realizadas diversas reuniões que tinham como foco pensar ações conjuntas para prevenir situações de violência durante os encontros. Em algumas dessas reuniões, acordos foram estabelecidos, mas o trabalho não deslanchou. Em outras ocasiões, simplesmente nenhuma atitude foi tomada.

Obviamente, em manifestações como o Duelo de MCs – organizado na rua, com entrada franca etc. –, há uma concentração grande de pessoas. E muitas dessas pessoas não respeitam o espaço e nem mesmo entendem verdadeiramente o que acontece ali. São aquelas figuram que, infelizmente, já saem de casa má intencionadas. Portanto, visando o bem estar das pessoas que frequentam (e respeitam) o espaço e a melhor execução do projeto, é necessário que exista uma parceria entre as diferentes partes envolvidas no processo. O que inclui, é claro, a participação da PM.

Participação essa, que no entendimento da Família de Rua, deve se dar cotidianamente, através de um planejamento estratégico que torne a cultura Hip Hop, os cidadãos e as instituições públicas parceiros de trabalho, que pensem e atuem de forma harmônica, visando o bem comum social.

Por fim, cabe dizer que a luta continua. Que o triste episódio do dia três de setembro possa despertar em todos nós um sentimento de reflexão, mudança e transformação. O Duelo MCs não pára! O Hip Hop não pára! Resistência! Sexta tem mais!

2 comentários:

Ricardo Portilho disse...

Pessoal, vocês tem imagens disso? Ou vídeo? Acho que é importante mostrar fotos ou videos pra quem não estava lá.

Felipe Magalhães disse...

essa é a PM do Anastasia... todo mundo aplaude o sujeito pela PM que ele montou em MG, a polícia da "ação preventiva". segundo um amigo é igual guerra no Iraque, vai lá e dá porrada e deixa pra confirmar as suspeitas depois...